segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

RELATOS - SUL EXTREMO ULTRAMARATHON


Seguindo as histórias desta prova, o mais impressionante foram os relatos dos atletas de suas "visões" durante o trajeto.
Mesmo aqueles que são rápidos e não entraram a segunda noite a dentro correndo, vivenciaram momentos únicos  que somente quem faz algo tão insano quanto uma ultramaratona desta magnitude pode contar.
Alguns contam que viram navios pirata, elefantes, uma luz os seguia na escuridão e fora isso a falta de orientação pelo cansaço e falta de energia mesmo, pois o cérebro se nutre exclusivamente de glicogênio e este após horas e dias de esforço extenuante não está mais disponível no organismo e o raciocínio fica comprometido.

Coisas simples como entender uma informação passada pelo staff ou a tomada de decisão de sentar, tomar água, descansar ou mesmo a de abandonar a prova por preservação da saúde, são deixadas de lado, mas não por que a pessoa deseja isso, mas porque a sua tomada de decisão não á mais consciente.

Neste momento a participação da equipe de apoio é essencial, pois é preciso esta compreensão do estado físico do atleta para poder atendê-lo, seja a continuar na prova ou a ter que parar.

Esta situação é algo que devemos levar muito a sério, pois vi neste evento pessoas que nunca correram ou que começaram a correr a pouco tempo e já estão em um mundo que requer anos km rodados para que o corpo e a cabeça estejam preparados e mesmo aqueles que já possuem esta experiência física e mental se deparam com barreiras a á cada evento que participam.

Claro, escutei e respeito todas as opiniões sobre ser guerreiro, aventureiro e tudo mais que possam levar as pessoas a desejarem este tipo de esporte, mas como profissional desta área de treinamento e atleta, sei que é preciso muto mais que vontade ou espírito guerreiro para poder encarar eventos ou distâncias como estas de forma a terem o menor impacto negativo em nossa saúde, digo o menor, pois o que fazemos não tem nada de bom para a saúde, o que fazemos extrapola qualquer recomendação médica até aqui estudada.

Mesmo os estudos que existem, deixam claro que o ônus é bem maior que o bônus.

Minha intenção aqui é de despertar o quão importante é todos nós, que participamos desta prova ou outras, saibamos que para estar em um evento destes é preciso estar preparado e este preparo não vem com 2 anos de corrida, vem com 10 ou mais, se não atletas olímpicos e de alto rendimento seriam criados da noite para o dia e não precisariam de uma década para atingirem seu ápice no esporte.

Fazer uma prova, seja em qual distância for, qualquer pessoa faz, basta ter a motivação exata, mas estar preparado para fazer e seguir em frente de forma menos prejudicial é para poucos, pois a rotina de treinos não é para qualquer um. Muitos querem a glória e o status de ultramaratonista, aquele do dia da prova, das redes sociais, mas não querem o anonimato de horas, horas, horas e horas de treino sem ninguém ao lado, sem fotos ou curtir.


A todos desejo muito treino mesmo e com o máximo de saúde possível e que as provas sejam poucas, mas realizadoras de sonhos.


Um grande abraço

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